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Luís Araújo 159d

Mal-estar em Miami, Shai 'indefensável', Cavs e Wembanyama entre gigantes: o que rolou e no que ficar de olho na NBA 3c5736

Para onde vai Jimmy Butler? Ao que tudo indica, essa pergunta vai pautar muitas conversas de fãs da NBA ao longo dos próximos dias. Quem gosta de imaginar trocas mirabolantes terá um prato cheio para exercitar a criatividade, já que qualquer destino parece possível para ele a essa altura dos acontecimentos. 2k304e

Mas não é só de especulação que o melhor basquete do mundo tem vivido, não. Tem muita coisa interessante acontecendo do lado de dentro das quadras, seja em times fortes e candidatos a título ou mesmo em quem atravessa fase de reformulação e não almeja ir tão longe neste ano.

De falta de entretenimento não dá para reclamar.

A história da última semana 6i6u4r

Dentro das quadras, duas grandes histórias foram construídas ao longo dos últimos dias e podem ganhar ainda mais episódios: as sequências invictas de Oklahoma City Thunder e Cleveland Cavaliers.

Os Cavs aram intactos por uma viagem pelo Oeste e chegaram a 10 vitórias consecutivas. Uma delas foi sobre o Los Angeles Lakers, do técnico JJ Redick, que disse depois do jogo que a única chance de superar um adversário tão forte assim seria ter uma atuação que beirasse a perfeição.

O Thunder, por sua vez, derrubou nesta semana New York Knicks e Boston Celtics, duas forças do Leste, para alcançar 15 triunfos em sequência.

Não teria como deixar de registrar por aqui o que essas duas equipes têm feito. E de algum jeito elas vão aparecer em algumas seções mais para frente ao longo deste texto.

Mas a grande história mesmo da NBA na última semana não aconteceu dentro das quadras: a relação entre Jimmy Butler e Miami Heat azedou de vez.

Essa novela já está rolando há algum tempo. No texto da semana ada, foi registrado por aqui que o Heat divulgou um comunicado garantindo que não trocaria Butler. O texto foi assinado por Pat Riley, presidente da equipe, e veio a público logo após terem saído notícias de que o jogador tinha vontade de ser negociado ainda durante a atual temporada.

Em outras palavras, o que Riley fez foi dizer publicamente para Butler que se ele quisesse mesmo arrumar uma nova casa, ele é quem teria que pedir por uma troca e tornar público esse desejo, já que o Heat não tomaria essa iniciativa.

Pois bem: Butler fez exatamente isso. Na quinta (2), saiu a notícia de que ele tinha pedido formalmente ao Heat para trocá-lo. E menos de 24 horas depois, a equipe divulgou um outro comunicado. Desta vez, para informar uma punição ao camisa 22. A mensagem era a seguinte:

"Suspendemos Jimmy Butler por sete jogos devido a múltiplas instâncias de conduta prejudicial à equipe ao longo da temporada e, especialmente, nas últimas semanas. Por meio de suas ações e declarações, ele demonstrou que não quer mais fazer parte deste time. Jimmy Butler e seu representante indicaram que desejam ser trocados, portanto, ouviremos ofertas."

Um dia antes da suspensão, o Heat perdeu para o Indiana Pacers por 128 a 115. Butler marcou só nove pontos e não participou de um segundo sequer do último quarto, coisa que já tinha acontecido na partida anterior, na vitória sobre o New Orleans Pelicans. Na entrevista que deu após essa derrota para os Pacers, Butler não escondeu a insatisfação. Disse ter o desejo de reencontrar a alegria em jogar basquete, em qualquer lugar que seja. Quando perguntado se existia a chance disso acontecer em Miami, respondeu que "provavelmente não".

Depois que o Heat o suspendeu, Butler não fez nenhum comentário público. Os demais jogadores do elenco também não falaram muita coisa. O técnico Erik Spoelstra se limitou a dizer que queria silenciar as distrações e manter o grupo focado para o decorrer do campeonato.

A associação de jogadores da NBA classificou a suspensão de Butler como algo "excessivo e inapropriado". Paul Pierce, ex-jogador que foi ídolo do Boston Celtics, postou o seguinte em sua conta no Twitter: "Os jogadores estão vendo o que está acontecendo com todas as super estrelas em Miami, então por que uma outra super estrela deveria ir para lá no futuro, se for para ser tratado sem respeito depois de tudo o que fez pela equipe?"

Parece que pegou mal mesmo para o Heat, apesar de toda a tentativa de evitar sair como vilão desta história.

Imaginar o futuro de Butler agora é uma missão extremamente complicada. O Heat deixou claro que está disposto a ouvir qualquer oferta que chegar, e ele também parece aberto a jogar por qualquer outro time. Será que alguma negociação vai acontecer até o dia 16 de janeiro, data em que a suspensão acaba? Quantas equipes irão de fato se interessar pela possibilidade de contar com alguém que pode virar agente livre em junho e sair de graça? Que pacote oferecerão? E se nada aparecer, ainda vai haver clima para Butler voltar a entrar em uma quadra vestindo o uniforme do Heat?

A única certeza que existe neste momento é que essa novela ainda não terminou.

Olha o que ele fez j5i2k

Primeira escolha do Draft de 2023, Victor Wembanyama atingiu a marca de 100 partidas oficiais na NBA. O feito em si não impressiona. Qualquer jogador que entre em quadra com alguma regularidade e consiga durar pelo menos duas temporadas na liga consegue isso. Mas o recorte acaba virando uma oportunidade para avaliar como o francês tem se saído até agora, ainda mais se lembrarmos do alto grau de expectativa que ele despertou desde que seus planos de ir para a NBA tornaram-se públicos. Talvez só LeBron James tenha sido um calouro mais esperado na liga do que ele.

Se LeBron ou mais de duas décadas correspondendo, ou até mesmo superando, as expectativas, Wembanyama também tem feito bonito, dando cada vez mais sinais de que pode vir a ter uma trajetória especial no basquete.

Wemby chegou aos 100 jogos com mais pontos que LeBron tinha anotado nas primeiras 100 partidas dele. Registra também mais tocos que Hakeem Olajuwon e mais cestas de três do que Stephen Curry neste intervalo de tempo.

A escolha dos nomes não é aleatória. LeBron, Olajuwon e Curry são, respectivamente, os líderes da história da NBA em pontos, tocos e cestas de três.

Vale também destacar que, em dezembro, Wemby se tornou o primeiro jogador em toda a história da NBA a produzir mais de 300 pontos, 100 rebotes, 50 assistências, 50 tocos e 40 bolas de três ao longo de um mês. Pode parecer uma constatação aleatória, considerando todas as variáveis. Mas, no fim das contas, mostra justamente o quanto o leque de fortalezas do jogo dele é amplo.

O 100º jogo da carreira de Wembanyama aconteceu na sexta-feira (3), quando o San Antonio Spurs visitou o Denver Nuggets. A atuação do francês foi à altura da ocasião: 35 pontos, com 14 arremessos certos em 22 tentados, 18 rebotes, quatro assistências, dois tocos e saldo de 17 pontos para o time durante os 33 minutos em que esteve em quadra. Os Spurs venceram por três pontos.

Nikola Jokic viu de perto toda essa produção de Wembanyama. Os dois se marcaram durante a maior parte do tempo. Depois do confronto, ao ser questionado sobre suas impressões a respeito do jovem dos Spurs, mostrou toda a iração que tem: "Ele está jogando melhor do que no ano ado e acredito que vá melhorar ainda mais. Acho ele um jogador especial. É único e vai acabar sendo lembrado para sempre."

Wemby também elogiou o sérvio, colocando-o como um modelo a ser seguido no decorrer da carreira. "Jokic é um desses caras que, apesar de receber dobra de marcação todo jogo, torna seus companheiros melhores. E isso é 100% do que eu quero ser", confessou.

Abre aspas 6b4w46

"Pra mim, ele é indefensável. Nas jogadas de um contra um, você pode desistir. Na maioria das vezes, não tem o que fazer a não ser simplesmente permitir a ele os dois pontos. Então eu acho que quem estiver o marcando precisa fazer uma armadilha. Talvez isso não funcione, mas é preciso tentar. Certamente você vai ser obrigado a colocar um segundo marcador em cima dele, especialmente se for um confronto individual que o favoreça. Sempre que estiver diante de alguém que ele sabe que é incapaz de marcá-lo, ele vai pontuar toda vez.”

Foi isso o que disse Anthony Edwards sobre Shai Gilgeous-Alexander, depois do confronto entre Minnesota Timberwolves e Oklahoma City Thunder na terça-feira (31).

O Thunder venceu por 113 a 105. Os Timberwolves chegaram a liderar no terceiro quarto, mas derreteram diante da pressão que a defesa adversária colocou e colecionaram desperdícios de posse de bola. Acabaram o jogo com 24. É muita coisa.

Mas o que chamou a atenção de Edwards foi mesmo o que Shai fez com a bola nas mãos, ando como bem entendia por quem quer que aparecesse pela frente. O aproveitamento de 15 arremessos certos em 23 tentados é alto, mas conta só uma parte do impacto dele para a produção ofensiva. O tanto de espaço que ele abriu a partir dos dribles em jogadas individuais pode não ter se traduzido em números nas estatísticas, mas certamente facilitaram demais a vida dos colegas em quadra.

Uma estatística 5ho16

O Cleveland Cavaliers virou o ano com campanha de 29 vitórias e apenas quatro derrotas no atual campeonato. Isso dá um aproveitamento de 87,9%.

Ao longo das últimas 30 temporadas, só outros três times chegaram a essa altura da competição com aproveitamento melhor: o Golden State Warriors de 2015 para 2016, o Boston Celtics de 2007 para 2008 e o Chicago Bulls de 1995 para 1996. O leitor mais atento já deve ter percebido que todos foram finalistas meses mais tarde e só os Warriors não acabaram sendo campeões.

É óbvio que nada disso serve de garantia para os Cavs. Se quiserem fazer o mesmo em junho, eles terão de ar em algum momento pelos Celtics — ou por quem vier a derrotar os atuais campeões, que simplesmente earam por cima de quem apareceu pela frente na caminhada do ano ado.

Mas se colocar em tão boa companhia assim em um recorte histórico da NBA não deixa de ser um ótimo sinal. Se não é garantia de nada lá na frente, pelo menos ajuda a estabelecer os Cavs como uma ameaça aos Celtics e, por consequência, um forte concorrente ao título do Leste. E não um mero fogo de palha.

Será que é para valer? 5s6n68

Na série de prévias publicadas no ESPN.com.br para apresentar cada um dos 30 times da NBA antes do início da temporada regular, o texto do Toronto Raptors trazia Immanuel Quickley como alguém em quem valia a pena o fã de esporte ficar de olho. Isso porque ele tinha acabado de uma extensão de contrato com o time canadense. A pergunta que ficava, que poderia se transformar em uma história a se observar dali para frente, era se Quickley seria capaz de apresentar um nível condizente com um armador titular da NBA e, assim, justificar a aposta dos Raptors.

Só que essa história estava pausada. Depois de apenas três jogos no campeonato, Quickey sofreu uma lesão no cotovelo que o afastou das quadras por quase dois meses. Durante esse tempo, os Raptors disputaram 22 partidas alternando a função de armador entre Scott Barnes e RJ Barrett. Dois titulares incontestáveis, capazes de chamar jogadas vez ou outra, mas que não são mais do que quebra galhos nesse papel.

O time sentiu falta de alguém que realmente fosse da posição, que pudesse exercê-la de maneira mais consistente quando estivesse em quadra. Inclusive os próprios Barnes e Barrett, que têm outras características de jogo e podem se beneficiar com alguém que os colocasse em boas posições de ataque.

Quickley voltou nesta semana, depois da virada do ano, e participou de dois jogos. Ambos como titular e com um tempo limitado, que o restringiu a não mais do que 33 minutos em cada um dos duelos.

Na quarta (1), teve 21 pontos e 15 assistências na vitória sobre o Brooklyn Nets. Acertou só 7 das 16 finalizações que tentou, o que não é boa coisa, mas conseguiu envolver os companheiros ao o que cometeu só um desperdício de posse de bola. E durante o tempo em que atuou, os Raptors tiveram um saldo de 23 pontos. O número é maior do que a diferença de 17 no placar final, mostrando que o time realmente teve melhor desempenho com ele em quadra.

É interessante também olhar o impacto nos companheiros. Barnes, por exemplo, livre do peso de precisar comandar a armação na maior parte do tempo, teve uma de suas apresentações ofensivas mais eficientes na temporada. Converteu 14 dos seus 18 arremessos e anotou 33 pontos.

Dois dias depois, veio mais um double-double: 11 pontos e 11 assistências na derrota para o Orlando Magic. Foram três desperdícios desta vez, e o aproveitamento de arremessos foi muito pior: só quatro acertos em 17 tentativas (1 em 9 para três pontos). Mas é justo ponderar também que do outro lado estava uma das melhores defesas da NBA, que tem como identidade forçar erros dos adversários. Era um teste duro mesmo. E quando se olha para o saldo de pontos dos Raptors durante os minutos em que Quickey esteve em ação, novamente se observa um resultado positivo: +1. Todos os outros quatro titulares da equipe tiveram número negativo nesta estatística.

Nada é definitivo depois de apenas dois jogos, obviamente, mas os primeiros episódios deste retorno de Quickley foram promissores. Nesta próxima semana, os Raptors receberão o Milwaukee Bucks no Canadá, depois pegarão New York Knicks, Cleveland Cavaliers e Detroit Pistons fora de casa. Dois dos três líderes do Leste estão nesta rota aí. Será curioso observar como Quickley vai se comportar.

O que vai ter na tela da ESPN 3m5xa

Quarta-feira (8): 6r6h51

  • Oklahoma City Thunder x Cleveland Cavaliers, às 21h
    Por que assistir: é simplesmente o confronto entre os times de melhor campanha da NBA, que lideram suas respectivas conferências e emplacaram sequências de vitórias ao longo das últimas semanas. Só isso já seria o bastante para atrair quem gosta de basquete, mas existe também uma certa motivação extra para ambos os lados. Não faz muito tempo que os jogadores do Thunder andaram manifestando uma certa frustração por não terem sido incluídos na rodada de Natal pela NBA, enquanto gente dos Cavs chegou a expressar nos últimos dias a sensação de que a maioria das pessoas não tem valorizado bastante a grande campanha que tem sido feita até agora. Ou seja: não vai faltar vontade de aproveitar a atenção que este duelo vai receber.

  • San Antonio Spurs x Milwaukee Bucks, às 23h30
    Por que assistir: depois que venceram o título da Copa NBA, os Bucks têm ado por uma fase preocupante. São cinco derrotas em oito jogos. E se for considerar apenas o intervalo de tempo em que estas oito partidas aconteceram, o time tem o quinto ataque menos eficiente da liga, com média de 106,3 pontos anotados a cada 100 posses de bola. Quando foi perguntado sobre isso, Giannis Antetokounmpo não escondeu a frustração. Decepcionado, reconheceu que o time tem jogado mal e que deu alguns os para trás em relação à época da Copa, quando parecia ter encontrado algumas soluções para o que não vinha funcionando. Encarar os Spurs neste momento pode ser um bom indicativo sobre o poder de reação desta equipe. Isso porque do outro lado estará uma defesa que tem sido a segunda mais eficiente da liga nos últimos oito jogos, que é exatamente o recorte usado para ilustrar a má fase do ataque dos Bucks.

Sexta-feira (10): 3x4p29

  • Oklahoma City Thunder x New York Knicks, às 21h30
    Por que assistir: será uma nova oportunidade de ver o Thunder em ação contra um outro time forte do Leste. O duelo acontecerá exatamente uma semana depois do primeiro encontro entre os dois times na temporada. Naquela oportunidade, o Thunder levou a melhor graças a um ótimo quarto período, quando contou com quatro bolas de três de Aaron Wiggins para virar o jogo e se estabelecer na frente do placar. Agora, em Nova York, vale ficar de olho em como os Knicks farão ajustes para responder. E em como a torcida local receberá Isaiah Hartenstein, claro, neste retorno do pivô à cidade.

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